
Um bilhão de antropocenos negros ou nenhum
Neste livro, a geógrafa Kathryn Yusoff propõe uma nova interpretação do Antropoceno a partir de suas camadas mais profundas, em que a terra e os corpos foram estruturados pelo colonialismo e pela desapropriação racializada. Nessa abordagem inédita, a geologia deixa de ser apenas uma ciência da Terra para se revelar como tecnologia de poder, regime de valor e gramática racial. Contra o universalismo aparentemente neutro da figura do “humano” presente nas discussões sobre crise climática, Yusoff propõe outra chave de leitura: o inumano como categoria forjada para tornar corpos negros e indígenas propriedade extrativa - o que ainda segue em curso.
Do ouro ao corpo negro, das minas à plantation, a autora desenha uma história subterrânea da modernidade e mostra como o discurso geológico sustenta até hoje as estruturas do mundo que habitamos.
Mas também é nos interstícios dessa violência que ela encontra a geopoética insurgente de artistas, poetas e pensadoras negras que desafiam a gravidade da história para escrever outras relações com a terra e o tempo. Um pensamento radicalmente novo sobre os mundos que já estão acabando e os muitos outros que insistem em nascer.
